
Sobre
​Nosso Tema
Paulo Freire defende, em seu livro, Pedagogia da Esperança (1992) que “Esperança é a capacidade de olhar e reagir àquilo que parece não ter saída". Por isso, é muito diferente de esperar; temos mesmo é de esperançar”. O sufixo caracteriza essa palavra como verbo, uma ação que se liga a outras como resistir, lutar, pensar. Porém, quando tratamos de ciência, nenhum desses verbos deve estar estagnado, tal como a ideia da esperança do verbo esperar. Esperançar nos estimula e provoca, e nos faz refletir não apenas sobre o papel da ciência, mas sobretudo como fazê-la. Freire, o Patrono da Educação no nosso país, afirmava que um acontecimento, um fato, e aqui acrescido —a vida—, sempre há múltiplas razões de ser; envoltas por complexas tramas, ciclos e processos.
As semelhanças com a ciência são evidentes, tal como é evidente também o desmonte, sucateamento, e a precarização não só da ciência como da educação em nosso país. São muitos os depoimentos, as incertezas, as desistências e poucas oportunidades. Nos últimos anos a ciência foi colocada em evidência no Brasil, e com ela suas urgências. Porém, devemos também potencializar nossas perspectivas. Propomos uma reflexão e, ainda, um estímulo a esperançarmos sobre essas duas práticas que por si só não transformam o mundo, mas implicam e impulsionam tal transformação, como práticas de cidadania e de democracia.
Nesta XVI edição da Semana de Biologia UNIRIO somos convidados e convidadas a sermos educados na esperança, a lutar por nossos direitos, pela ciência e pela educação; pensarmos em novos horizontes, nos animarmos a persistir, construir e saber que podemos não transformar o mundo, mas nos transformar com o ele, com o povo e com nosso país. É a partir da leitura crítica do mundo que interpretamos textos, equações e, sobretudo, a vida em todas as suas tramas, ciclos e processos. Propomos com essa edição que façamos uma releitura política, social, histórica, ética, cultural e científica sobre a ótica do esperançar de Paulo Freire.
Esperançar não é para ser conjugado e sim praticado. Porém, temos que ter cuidado para não cairmos na desesperança, ou na confiança de que só a esperança por si só gera alguma mudança.